terça-feira, 17 de setembro de 2013

Sol de Inverno


Às vezes ainda te penso. Não é por querer, não penses. Sem conseguir evitar, a minha mente navega para uma recordação nossa. 
Porque qualquer coisa - um carro, um cheiro, uma maneira de falar ou andar, uma música, um texto -, me faz lembrar de ti. De nós. De tudo o que éramos e agora não somos. E será que alguma vez verdadeiramente o fomos? 
Penso-te, sem me conseguir conter. E deixo-me ficar assim - fraqueza minha, eu sei - a pensar-te, a pensar-nos. 
E quando te penso, somos. Quando te penso, existimos. E rimos, sentimos, amamos. Não somos dois, mas um. 
E desejo-te, invoco-te, quero-te e tenho-te. E envolves-me, percorres-me, beijas-me e sentes-me. E amamo-nos, apaixonamo-nos, sufocamo-nos, descontrolamo-nos. 
E, por uns instantes, os instantes em que te penso - e não é por querer, não penses - sou de novo aquela menina mulher que já tem as estrelas mas procura o Sol. 
E encontra.

Peregrina

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

«Só»



Só o silêncio. Só ele é capaz de me fazer ouvir-me. Estar só com o silêncio. Só com ele. E ser capaz de me olhar por dentro, de me (re)conhecer uma vez mais. Cada vez mais. Só eu. Só eu tenho o dever de nunca me deixar levar pelo desânimo. De continuar sempre a caminhar, mesmo quando os pés estão cansados e o coração não tem vontade. Estar só. E gritar comigo, brincar comigo, rir comigo. Deixar-me estar comigo. Só comigo. Com a minha companhia. E sorrir comigo, só comigo. Porque afinal, nunca estou só. E só isso me basta. «Só».

Peregrina