
Silêncio. Sinto um esvoaçar de asas trémulas e cintilantes no meu rosto. Talvez seja o teu respirar, compassado com o meu e entranhado no meu peito.
Ergo o rosto e uma brisa harmoniosa invade-me a pele. Talvez as tuas mãos me estejam a tocar de novo, num toque macio e arrebatador, com ânsias de carinho e protecção.
Levanto-me e sigo na direcção do luar. A sua luz preenche-me e aquece-me a alma. Sim, talvez seja o teu olhar, que me lê por inteiro, me despe de rodeios e me namora às escondidas.
Talvez o teu sorriso venha pela última vez na forma de um leve piar de uma ave noctívaga, para me embelezar a noite e colorir o rosto, que se tornou cinzento desde a tua partida.
Talvez um dia os meus olhos deixem de te procurar em cada esquina e alcancem os teus uma vez mais.
Uma vez que se torne o resto das nossas vidas.
Talvez…
@ Peregrina